Superintendente do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle apresenta avanços ao reitor da UNIRIO
O superintendente do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), João Marcelo Ramalho Alves, prestou esclarecimentos ao reitor da UNIRIO, José da Costa Filho, após matéria veiculada na Rede Globo denunciando supostas más condições do hospital, atribuídas à administração pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A direção do HUGG enfatizou avanços tanto na realização de atendimentos como na aquisição de equipamentos, contrariamente ao teor do que foi noticiado no telejornal.
Esclareceu ainda que as imagens apresentadas não são recentes, tendo já ocorrido reparos naquelas instalações. As imagens veiculadas inclusive incluíam uma sala com bens inservíveis, cujo descarte segue normas específicas na administração pública, o que está em andamento. Todos os oito elevadores também estão em pleno funcionamento, diferentemente do noticiado. Afirmou adicionalmente que não há nenhum leito operante sem cama no HUGG. Camas hospitalares apontadas na reportagem como abandonadas eram equipamentos que foram consertados recentemente pelos profissionais do setor de engenharia clínica. Elas serão colocadas em operação em substituição à de algum leito que venha a necessitar.
Reportagem de 19/04/2024 / Foto de 20/04/2024
Neste mês de abril foram patrimoniados dois arcos cirúrgicos, adquiridos por R$ 1,3 milhão. Justamente arcos círcúrgicos apontados na reportagem como abandonados eram, na verdade, um, antigo, separado para desfazimento e outro, recém-adquirido, em fase de testes. Quando ocorre a aquisição de qualquer equipamento médico, o setor de engenharia clínica liga o equipamento, faz testes, averigua a sua funcionalidade e o calibra para o uso seguro junto ao paciente. No caso de ser verificado algum erro de fábrica, o fornecedor é acionado. Por sua vez, os equipamentos obsoletos, ou com defeito e sem possibilidade de manutenção e conserto, passam pelo procedimento do desfazimento. É preciso, antes, haver um laudo do setor de engenharia clínica que constate a inoperância e não recuperabilidade. Depois, a unidade de patrimônio realiza o desfazimento, de acordo com as normas legais, quando uma quantidade razoável de equipamentos seja segregada para esse fim.
Foi destacado pelo superintendente que o HUGG é o hospital federal do Rio de Janeiro que, tanto em 2022 como em 2023, mais contribuiu com o Sistema Único de saúde (SUS) oferecendo vagas de primeira consulta pelo Sistema de Regulação da Prefeitura do Rio (Sisreg). Desde 2010, dados da Secretaria Municipal de Saúde publicamente disponíveis mostram que, a partir de 2022, o número de internações aumentou e se manteve sem oscilações no HUGG. Os períodos do início da administração pela Ebserh e imediatamente anterior a ele, por outro lado, não apresentam mudanças significativas em relação às internações e suas oscilações, de acordo com os dados da Prefeitura.
Entre as conquistas no período iniciado em dezembro de 2019, foram mencionados pela direção do HUGG o novo CTI neonatal (com cinco incubadoras), a nova tomografia (o tomógrafo, de R$ 3,5 milhões, amplia a capacidade para 500 procedimentos por mês), o novo mamógrafo, a reabertura de enfermarias e sua refrigeração, os novos parques de endoscopia digestiva, de broncoscopia e de eletroencefalograma, e o novo serviço de pronto atendimento. É estimado um aumento de mais de 30% no atendimento à oncologia. As internações para tratar de neoplasias, 1.215 em 2022 e 1.262 em 2023, superam qualquer ano na série histórica desde 2010.
Em 2022, o Tribunal de Contas da União (TCU) concedeu ao HUGG o prêmio de boas práticas na fila cirúrgica. Relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a partir de dados coletados naquele mesmo ano referentes à avaliação de 21 itens de qualidade em hospitais de todo o país confirmou ainda a classificação do HUGG como de alta conformidade em segurança do paciente. Além disso, a superintendência do Hospital menciona que, apenas em 2023, cerca de R$ 10 milhões foram investidos em equipamentos para seu parque tecnológico. Também no ano passado, o HUGG foi credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar a modalidade hospitalar do processo transexualizador e passou a realizar tais cirurgias.
João Marcelo destacou ainda uma mudança fundamental na gestão, que trocou a antiga prática de realizar reiteradamente contratos emergenciais pelo princípio de sempre realizar contratos licitados. Além disso, era utilizado prontuário físico, substituído por prontuário eletrônico, e foi adotado o sistema de informação gerencial Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (Aghu). Neste ano de 2024, a Controladoria-Geral da União (CGU) concedeu ao HUGG o reconhecimento da marca de 100% em seu ranking de transparência.
O orçamento do Hospital originado dos recursos do Ministério da Saúde teve seus valores suplementados a partir de parâmetros sofisticados estabelecidos pelo Índice de Complexidade Estrutural (ICE) e pela Unidade Relativa de Produção (URP), uma metodologia de estimativa de custo hospitalar. Essa base legal impede a contratualização, pela Prefeitura, de serviços que não pudessem efetivamente ser prestados pelo HUGG ou fossem inexistentes, prática que, no passado, gerou multa superior a R$ 8 milhões. Foi lembrado também que uma série de dívidas acumuladas, com fornecedores, com a Companhia Estadual de Gás (CEG) e com a Light, esta última de 15 anos, foi quitada e, desde então, o pagamento tem sido realizado em dia.
Ainda sobre a matéria veiculada no telejornal, foi destacada em tom alarmista a suposta existência de caixas de luz abertas, com fiação exposta, em caso de abandono. A direção do Hospital ressalta que a casa de máquinas mostrada na reportagem é de uso restrito a pessoas autorizadas, da empresa de manutenção de elevadores. Também afirma que a estrutura da casa de máquina é antiga, mas os quadros de energia possuem todos as devidas tampas. Mesmo quando as tampas são abertas, a estrutura não oferece risco aos pacientes e usuários dos elevadores, por ser área de restrição técnica, localizada no último pavimento. Portanto, causaram estranheza nas imagens da reportagem tanto o acesso não autorizado em área estritamente técnica como a retirada das tampas dos quadros de energia.
Reportagem de 19/04/2024 / Foto de 20/04/2024
O equipamento de angiografia, apontado no telejornal como encaixotado e sem uso, na verdade está em trâmites de doação para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Esse tipo de procedimento de transferência entre diferentes unidades da rede de hospitais universitários da Ebserh é usual e visa a colaborar para uma maior produtividade no uso dos equipamentos. A razão do direcionamento do angiógrafo para o hospital da UFU está ligada ao contexto de inviabilidade econômica para a realização das obras necessárias no momento atual para a utilização no hospital da UNIRIO.
O local que a reportagem mostra como centro cirúrgico paralisado, por sua vez, na verdade comporta o hospital-dia, em operação atualmente, e também a antiga área de atendimento e internação Covid, que, naturalmente, com o término da pandemia, foi desativada. Há estudo em andamento para o aproveitamento da área na ampliação do setor de oncologia com a criação de seis consultórios e aumento da área de infusão de quimioterapia.